NARRATIVAS DA AVENIDA ALDA
SÍNTESE
Nos colocamos na posição de caminhantes, daqueles que veem pela primeira vez o espaço a ser viajado. Então deslocamos nossos corpos computacionais para este núcleo urbano comportado em uma área de 30,732 km², que assim como a maioria dos territórios urbanos é dependente dos deslocamentos de habitantes brasileiros. Na Zona Sudeste da Grande São Paulo, Diadema se emancipou do distrito de São Bernardo do Campo em 1950 e agora ocupa a posição do 14.º município mais populoso do estado. Os eixos principais da cidade de Diadema são sobretudo rodoviários, com a rodovia dos Imigrantes, Anchieta e Mário Covas. Além das principais avenidas, Presidente Kennedy, Cupecê, do Cursinho, Taboão, Piraporinha, Dr. Ulisses e avenida Alda. Pousamos nosso olhar e atenção para esta última, conexão fundamental da área central da cidade, que se inicia no encontro com Av. Antonio Piranga, percorre o centro, cruza a zona oeste e acaba na zona sul junto da Estrada do Alvarenga.
Responsável por grande parte da circulação, comércio, serviços e instituições
dessas áreas, a Av. Alda serpenteia 4 quilômetros de Diadema. E tem características particulares em cada trecho; na parte central e onde tem mais investimento público para a cidade, a avenida é repleta de instituições e serviços como o Centro de memória de Diadema, a Casa da Música, a Praça da Moça, Unifesp e o Ginásio Ayrton Senna, além de serviços para o bem estar, alimentação e outros. Ao sair do centro, nos deparamos com uma avenida residencial, de comércios pequenos e familiares e, conforme vamos descendo, a carência de serviços e atenção pública é maior e cresce exponencialmente a precariedade das residências. Outro aumento significativo é a massa verde. Ao chegar no final do percurso a mata atlântica toma conta dos dois lados da rua e cria uma paisagem na qual a atenção é totalmente desviada à este novo ambiente. A diferença entre o rebuscamento e materiais das fachadas, o uso do espaço público e o modo de vender os serviços também são pontos importantes que se transformam ao longo dos quatro quilômetros.
Caminhando no passo de observadores do espaço, pretendemos relatar através do desenho as mudanças e comportamentos da avenida Alda por toda sua extensão. Compreendemos nosso papel de observadoras propositivas e o do desenho de ferramenta verossímil que nos permite a ter algo que está ausente no conhecimento imediato, assim pretendemos incluir as análises tipológicas, construtivas, comerciais, de mobiliário e uso do espaço urbano. Além das histórias contadas através das tipografias presentes nos muros, os transeuntes, a customização das fachadas. Tudo o que pudermos alcançar com o olhar e transmitir com as mãos. A relevância desse trabalho está nos quatro quilômetros que serão percorridos e registrados durante o percurso da avenida Alda, com o intuito de evidenciar a mudança de paisagem e estilos, além de tentar compreender sua complexidade territorial e sua importância urbana.